A Bordo  |  02.11.2020

Homenagem da Manotaço a Pedro Paulo Couto


Amigo, incentivador e até mesmo padrinho de casamento do nosso Carlos Altmayer “Manotaço” Gonçalves, Pedro Paulo Couto não só encorajou e apoiou a fundação da Manotaço, como foi um dos nossos maiores clientes, confiando a nós trabalhos nos seus grandes barcos desde o projeto, Madrugada e Viva , esse último portando mastro Manotaço.

Pedro Paulo foi um notável na vela: com o Madrugada, participou da Admiral’s Cup em 1979 — competição que foi conhecida por muitos anos como um campeonato mundial não oficial de regatas oceânicas, onde foi atingido no costado e quase veio a afundar. No mesmo ano venceu a Buenos Aires- Rio (competição que ganhou por duas vezes).

Com a sua partida, nos resta manifestar a nossa grande admiração e gratidão, nas palavras do Zé Paulo:

Pedro Paulo Couto, por José Paulo Ilha

Partiu o Comandante Pedro Paulo Couto, o Pedrão, grande amigo e o cara que nos incentivou muito a fundar a Manotaço.

Trabalhamos para o Pedrão desde a construção e montagem do Madrugada, que ficou pronto pra correr o mundial da classe Two Tonner em 1978, no Rio de Janeiro.

Passamos a velejar com o Pedrão em 1980, no 1º Circuito de Florianópolis e, daí em diante, nós velejamos e fizemos manutenção do barco por vários anos.

Em 1985 eu fui velejar em uma geração mais nova de barcos, os One Tonners, onde meu grande parceiro na proa era o Pedrinho, filho do nosso mestre. Enquanto isso, Manotaço e o Pedrão firmes no Madrugada. O barco já estava um pouco antigo para regatas e veio a ideia de transformá-lo em um cruzeiro rápido. Assim, o barco veio para Porto Alegre para reformar.

E então chega uma das piores notícias: Pedrinho tinha morrido em um acidente de mergulho em Búzios. Pedrão inconsolável, barco vendido.

Passado um tempo, em conversa com seu grande amigo Gastão Brum, o Pedrão resolveu comprar um barco de cruzeiro para navegar pelo mundo.

Tínhamos aqui em Porto Alegre um barco novo, saído da Barco Sul (estaleiro do Plínio Froener), o mesmo que construiu o Madrugada. O proprietário tinha desistido de terminar o barco, que era um German Frers de 48 pés.

Venda acertada, o barco ganha seu nome: VIVA.

Entramos novamente com a Manotaço: fabricação de mastreação e montagem do barco, e lá se foi o Pedrão pro mundo: Caribe, Mediterrâneo, etc.

No ano 2000, teve a Regata Internacional Oceânica-Brasil 500 Anos , a regata do Cabral. Na volta o VIVA para o Brasil, ele veio a Porto Alegre para reforma e pintura. A obra agora fora gerenciada pela Náutica Rimoli.

No ano seguinte, corremos em Ilhabela na classe Cruzeiro. O bichinho das regatas pegou o Pedrão novamente e ele não parou de melhorar o barco: fizemos um mastro novo e bem mais leve, mais moderno. Agora o barco corria na ORC Clube.

E tivemos mais uma perda importante: nosso amigo e marinheiro Maneca, parceiro de uma vida, toda ela dedicada aos barcos da família Couto.

Meu último campeonato com o Viva foi em Punta. Juntamos um grande time que uniu os velhos dinossauros com uma turma bem nova. Foi ótimo e o Pedrão era só felicidade.

Por motivos profissionais, fui velejar em outros barcos mais modernos, e o pessoal continuou no VIVA por mais alguns anos até o barco ser vendido e voltar a ser um cruzeiro.

O ano de 2020 foi muito duro pra nós da Manotaço. Perdemos o Manota nosso irmão de anos de trabalho, e agora, perdemos um de nossos mestres e incentivador.

Amizades forjadas na borda são para sempre.

Devem estar juntos agora, eles, com Pedrinho e o Maneca, velejando em algum oceano.

Bons ventos a todos.

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